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Dormir bem para viver melhor


Este artigo dá continuidade ao anterior nesta rubrica, “O sono, esse injustiçado!”, tal como nele prometido. Sabemos já, portanto, que enquanto dormimos o nosso cérebro se desliga do ambiente exterior mas não fica “desligado”. Pelo contrário, ele centra-se em tarefas relacionadas com as suas funções e estruturas, nomeadamente, com os processos de armazenamento de informação associados a mecanismos de aprendizagem e memorização. Mais ainda, durante o sono produz-se uma sequência de hormonas que constitui um processo essencial para o nosso equilíbrio físico e emocional, assim como para o crescimento e outros aspetos que contribuem de forma marcada para a nossa saúde física e mental.


E, tal como tive oportunidade de referir em escritas anteriores, porque o horário de ir para a cama, o horário de levantar e o número de horas de sono habitualmente dormido, costumam constituir questões que levantam preocupação entre os especialistas da saúde, da psicologia e da educação, valerá a pena colocar a questão de como poderão as crianças e os adolescentes, em etapas fundamentais do seu percurso desenvolvimental, manter bons níveis de bem-estar, de equilíbrio emocional, de concentração e de aprendizagem, em circunstâncias em que cumprem um número muito deficitário de horas de sono? Sabe-se que não podem, mesmo.

Tal como defendo, a propósito do mesmo tema, no meu livro “Educar olhando em frente: orientações para uma parentalidade mais consciente” (2018), de acordo com o conhecimento científico, o aumento da irritabilidade, da agressividade, do consumo de antidepressivos e de fármacos hipnóticos, assim como de certos acidentes de viação e de trabalho, encontra-se relacionado com a fadiga por privação de sono. Algo para o qual a neurologista Teresa Paiva, especialista nas questões do sono, autora de várias obras sobre o tema e colaboradora regular de ensaios clínicos com especialistas de todo o mundo, muito tem alertado. Nos seus trabalhos, de que destaco o livro “Bom sono, boa vida”, tem salientado precisamente este impacto negativo da privação do sono, tanto em crianças como em adultos.


A autora enfatiza que, em média, as crianças abaixo dos 10 anos, precisam de 12 ou mais horas de sono (consoante as idades), pelos 10 anos precisam de 10 horas e os adultos necessitam de 7 ou 8 horas de sono. Ainda assim, uma avaliação piloto, efetuada em 2013, no âmbito de uma campanha sobre o tema, permitiu concluir que 50% das crianças/alunos estavam em privação de sono e 35% dos seus professores também. Tendo em conta que a taxa de sono encontrada a nível internacional, para comparação, era de 14%, percebe-se bem o nível de preocupação e o destaque para as consequências apontadas pela investigação, junto das crianças e dos adultos que se encontram nessa situação.

E há que assinalar que, além dos custos relacionados com o baixo poder de atenção e de rendimento académico, a médio e longo prazo, há um risco aumentado de hipertensão, diabetes, obesidade e insucesso escolar, assim como de insónia e depressão na idade adulta.


Pois é, e precisamos ainda de nos debruçar, de forma mais específica sobre como orientar os filhos sobre as necessidades de sono, tema que ficará para um próximo artigo sobre este tema. Por agora, deixo a sugestão Dormir por Tabela e Registar o Sono, tal como publicada no meu referido livro “Educar Olhando em Frente: orientações para uma parentalidade mais consciente”. E os votos de muita persistência, acompanhada de toda a paciência que conseguir reunir!...



(Artigo baseado na abordagem da temática do sono, desenvolvida pela autora, no livro

«Educar Olhando em Frente: orientações para uma parentalidade mais consciente»,

em 2018, pela Editora Coisas de Ler)

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