DE REGRESSO ÀS AULAS
Tendo em conta a semana em curso, o tema do regresso às aulas torna-se um pouco óbvio, espera-se que oportuno também. Por esta altura muitas emoções florescem, em pais e filhos e entre ambos, no que se relaciona com novos papéis esperados ou, pelo menos, retomados. Por vezes de forma pacífica, por vezes apressada, e outras, mesmo, irritada. Mas sempre com borboletas a povoar barrigas, como agora de diz em referência à ansiedade. Não é para menos, estamos de regresso às aulas!...
De entre estas emoções, umas são certamente mais bem recebidas e toleradas do que outras. Nos filhos, percebem-se rasgos de alegria, na antecipação do reencontro com os colegas, com alguns professores (que deixaram mais saudades), com os espaços frequentados em tempos de aulas… por vezes gargalhadas atrevidas, por vezes sorrisos tímidos, tensões à mistura, mochilas às costas… rotinas que se toleram e muitas vezes desesperam.
Nos pais, vislumbram-se expectativas renovadas, preocupações acrescidas, despesas em livros, rotinas apressadas, despesas em roupas…
Quase sempre, em ambos, expectativas renovadas em horizontes de intensas vontades, umas vezes convergentes e outras ausentes. Julgo que ajudará a abertura de algumas clareiras, não iluminando tudo, trazendo apenas um pouco de luz a horizontes, pela ocasião, mais adensados.
A começar pelos filhos, há que definir fasquias, organizar rotinas, traçar percursos e (re)começar a passada. Testemunho passado aos pais, há que apoiar os filhos em maratona sem asas; afinal é só (?) tratar de ajudá-los a organizarem-se nas tarefas escolares, prestar-lhes orientações para a sua segurança, incentivá-los a fazer bem e a serem autónomos. Sempre que possível, proporcionando tempo para a brincadeira ou, simplesmente, nada fazer. Mas há que evitar deixá-los tardes inteiras em frente à TV ou aos videojogos. Na medida do viável, será bom prestar atenção, conversar sobre o que se passa na escola e promover programas divertidos que estimulem afetos positivos, de preferência, para o bem-estar de todos. Os pais também contam! Sempre que possível também, refeições em família, a começar pelo pequeno almoço. Já agora, é conveniente garantir que a alimentação e o sono sejam adequados e contemplem as necessidades de um desenvolvimento harmonioso.
E tudo isto evitando transmitir as próprias preocupações, ansiedade excessiva leva à insegurança. Fácil? Quem disse que seria? Como muitas vezes sugiro (também para mim), há que ser paciente e determinado, nunca desistir… ou não serão eles o foco do nosso mundo?
Maria do Sameiro Araújo
(Artigo da rubrica «Olhar em Frente», publicada pelo Jornal de Barcelos, em 17 de setembro de 2014 - também publicado no livro «Educar Olhando em Frente», em 2018, pela Editora Coisas de Ler)
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